domingo, 3 de outubro de 2010

E se eleição fosse a paixão nacional?

Dia de eleição. Quanta festa, quanta alegria. Milhares de pessoas saindo de suas casas, aproveitando o ônibus de graça para ir a Ponta Negra, balneários e até pra votar.
Legal observar que "dia de votar" é mais interessante que "votar". A Lei Seca é mal cumprida e a mobilização fica mais por parte dos cabos eleitorais que da população em si. O voto no Brasil continua subvalorizado.
Sou morador do bairro Parque 10 e, embora minha seção seja oficialmente no eldorado, sempre votei na UTAM - hoje UEA -, para onde sempre é transferida. Não sei porquê, só sei que é assim. Enquanto votava, imaginei se fôssemos apaixonados por eleições como somos por futebol. Imagina as torcidas organizadas cantando a glória de votar, de ser cidadão. "UH TERERÊ! SOU DA TRÊS-SETE-NOVÊ!", gritaríamos os votantes daquela seção, enquanto do outro lado eleitores viriam no "bonde" da 420. As uniões tão comuns entre organizadas de diferentes estados numa versão eleitoral, com gritos tipo "UNIÃO SINISTRA! P10 E ALVORADA! SE NÃO VOTAR DIREITO A GENTE SOFRE NA PARADA!!!" bateria ao fundo marcando um pancadão qualquer, uma multidão descendo para suas zonas, aos brados, tentando mostrar-se mais cidadão que o outro, o orgulho de votar na seção X e não na Y.
Sempre me queixei das campanhas que temos e o desejo quase futebolístico de defender candidato A, B ou C. Mas se o lance é torcer como futebol, que tal mudar o tema das canções? A dica tá dada.

Raphael Sampaio

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"O Brasil não é um país sério"

Inacreditável? Absurdo? Premeditado?
Inexplicável talvez seja o melhor adjetivo para descrever o julgamento de Joaquim Roriz, na noite desta quinta-feira 23. Acompanhei aproximadamente as últimas 2 horas da sessão e vi o que sabia - mas me recusava a crer, com idiota esperança - que aconteceria.
Alguém pode me explicar por que sempre que o TSE julga algo de forte apelo popular, as votações iniciam com uma disparada do voto pretendido pela população inteira e acabam em acaloradas discussões e decisões pela opção contrária? Por que somos obrigados a ver ministros defendendo o indefensável? Antes do Ficha Limpa tivemos outros exemplos nítidos da falta de compromisso dos "excelentíssimos" para com o povo, a quem deveriam representar e defender.
Não sou jurista, não entendo de leis no papel, mas entendo de valores morais, dos quais destaco a importância do interesse coletivo sobre o individual, ou siomplesmente, DEMOCRACIA!
Ver a defesa a qualquer custo liderada pelo Gilmar Mendes, do alto de sua soberba, desqualificando comentários contrários, e citando artigos que "até uma pedra sabe" foi de dar nojo. Mas quase vomitei mesmo foi ao ver o ministro bigodudo que presidia a sessão, que já se encaminhava para a 11a hora de duração só no dia de ontem, decidir que a votação será concluída quando for nomeado alguém para a cadeira vaga no tribunal, em algum momento após as eleições e antes da diplomação dos eleitos, que podem não ter sua eleição confirmada. Vale lembrar que o julgamento havia começado na terça, 23. Se não tivesse sido frouxo, teria decidido pela validade imediata da lei e eu estaria aqui escrevendo seu nome, que sem dúvida teria sido decorado por mim perante ato tão nobre. Não que eu ache errado impedir a diplomação de quem nao merece mesmo estar lá, mas seria melhor se sequer pudesse ser votados. Mas como diria Loco Abreu, lhe faltou "culhón" para ser herói. Ou juiz.
Mas como nada é tão ruim que não possa piorar, minhas ânsias escatológicas cessaram imediatamente, transformando-se num misto de ódio, vergonha e revolta, quando o ministro bigodudo rechaçou sem nenhuma cerimônia a sugestão de que a votação proseguisse na segunda-feira, alegando ter um "compromisso". Se tivesse o mínimo de vergonha na cara, teria ao menos dito o que é tão importante assim que o impede de definir uma eleição de um país com cerca de 200 milhões de habitantes.
Resumindo, acabou tudo como começou. O Roriz concorrerá sub judice, os ministros receberão todas as horas extras, adicionais e sabe-se mais o que a que tem direito, e nós pagaremos a eles pelo serviço não ou mal prestado, o que já é comum mesmo, afinal isso contece todos os dias com energia, telefonia, internet, transporte, enquanto o Presidente decide o voto de minerva, digo o novo ministro.
E pensar que teve gente com raiva da crítica feita, lá pelos anos 60, do então presidente francês Charles de Gaulle, ao dizer que "o Brasil não é um país sério".
Parabéns "dExcelentíssimos" ministros. Viramos piada de novo, e essa não é de portugês. É de brasileiro mesmo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aqui não chove água, mas garrafas dela.

Haja calor! Manaus entrou de vez no verão equatorial. Sol desde muito cedo, em abundância, "no coco do trabalhador caboclo" como diria Cabocrioulo. Na Constantino Nery tinha um relógio marcando 39 graus na tarde de hoje, o que me levou ao inusitado pensamento de que eu sequer me lembrava da última vez que vi temperaturas inferiores a 41 graus nesses termômetros.
Quem nao reclama do capeta ter nos escolhido como sua filial do Inferno S/A são os vendedores ambulantes. Nunca antes na história dessa cidade se vendeu tanta bebida nas ruas. Em cada esquina, sinal, cruzamento, ponto de ônibus. Engarrafamento então, já virou "shopping móvel". Ou imóvel mesmo, se for perto das 18hrs.
Caminhando pela Bola da Suframa pude perceber o aumento do consumo de água mineral pela quantidade absurda de garrafas atiradas no mato/barro que deveria se chamar calçada. Bem simples: o sujeito toma a água e joga a garrafinha pro lado, sem cerimônia. Dá até música, algo tipo "toma água, joga a garrafa", repetido várias vezes. Quem viu Alice Vergueiro no Youtube sabe como é a música.
Até pensei em xingar todo mundo por não ter o mínimo de educação. Não custa nada andar segurando o que tiver que jogar fora até passar a primeira lixeira. Toma água, bombom, picolé e tome lixo no chão, pela janela do carro, do ônibus... algo injustificável. Aliás, pode-se justificar. Quando fui rasgar "elogios" aos meu conterrâneos por não zelarem pelo seu lar, percebi que não havia uma lixeira sequer da prefeitura do governo ou da Suframa, e olha que era uma área bem aberta e muito grande. Só, talvez, no posto BR, o que exigia muitíssima boa vontade da pessoa em atravessar a rotatória inteira para manter a cidade limpa. E de boa vontade,assim como o calor, a filial do Inferno também tá cheia.
Mesmo assim, o importante é que agora já temos o motivo de porque sermos tão mau educados com o nosso lixo. É culpa do poder público, afinal, se os lixeiros estivessem colocados, tudo seria diferente né? NÃO!!! Ia ser igual, mas quando alguém chamasse a atenção do imundo que jogou a garrafa, ele veria um cesto próximo e não teria a comodidade da desculpa pronta, do "lavar as mãos. Ainda estaríamos longe da civilidade, mas até no lixo os culpados tem a quem culpar. Ou a quem imitar.
Enquanto tudo isso acontece, e o verão continua torrando nossa cabeças - já que chuva é coisa rara nestes tempos - tratamos de nos prover de líquidos sozinhos a cada dia, fazendo chover não água, mas garrafas delas no solo cada vez mais concreto de nossa cidade.

Raphael Sampaio

terça-feira, 24 de agosto de 2010

HUMORISTAS CENSURADOS NO BRASIL? JÁ TENHO A SOLUÇÃO!

O Supremo Tribunal eleitoral proibiu os humoristas brasileiros de fazerem chacota, paródias, imitações ou qualquer manifestação que seja tida como ridicularização dos Candidatos.

Mas eu me pergunto: Vocês já viram a propaganda eleitoral? Acreditariam em personagem tão pitorescos? E os candidatos dos seus Estados? eles se levam a sério? Eu acho que a maioria não. É tanto absurdo de promessas infindáveis que acredito que o STE só Censurou os humoristas para que eles não fizessem concorrência aos candidatos.

Nos EUA, a internet e o humor ajudaram em muito a campanha do OBAMA. ele ria bastante de si mesmo. O humor contra políticos torna os candidatos mais acessíveis à população, pois humaniza-os e os torna palpáveis.

E é por isso que sou TOTALMENTE A FAVOR DA CANDIDATURA DO TIRIRICA. Se o STE tem medo de ser chacoteado, então O POVO tem total direito de MANIFESTAR SUA VONTADE elegendo UM HUMORISTA como representante de seu anseio por liberdade de expressão.

FORÇA TIRIRICA!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Crônica II

-escrito por Paulo Victor Telles

Mais uma vez sentado em um banco qualquer, ele observa as pessoas… Não consegue, à primeira vista, atentar-se para os detalhes... O que observa? Tenta se concentrar em uma figura, um homem que caminha à sua frente – analisa-o atentamente, o rosto do sujeito que observa, marcado por rugas, machucado, cansado, dialoga com sua percepção dizendo: “Sou nulo, sou insignificante, mas quando passo por aqui, com esse meu olhar amarelo e vazio, sinto que consigo transformar toda esse vácuo em um acontecimento.”. E naquele momento, vê saindo dos lábios descorados e rachados do sujeito um singelo sorriso, o qual, apesar de mostrar dentes amarelados e cariados, lhe fez aflorar um sentimento aposto a repugnância que tal visão normalmente traria ao espírito.

E tomado por um susto tão violento, dá um pulo como se estivesse saindo de um estado de transe, resolvendo ir atrás daqueles beiços cujo movimento tanto o amedrontara. Aperta os passos para não perdê-lo de vista; segue o homem até o quarteirão seguinte, sendo rebentado, a cada passo, por um êxtase indescritível. Abruptamente, o outro pára. Há um congelamento no tempo. “Será que notou que está sendo seguido?” pensa o perseguidor. Esconde-se ao lado de uma pequena banca de revista. Espreita-o. Sente um alívio quando percebe que os passos retornam e o outro retoma seu caminho. Entretanto, mesmo após o sobressalto, não desiste de segui-lo. E a aproximação entre os dois acabou tornando-se cada vez mais evidente... e inevitável. O sangue já corava suas faces e o suor já escorria de todos os poros de seu corpo, o tremor das suas mãos indicava-lhe que algo dentro dele do controle fugia. Passou a temer as conseqüências daquilo tudo. Mas já estava sem forças para ter algum tipo de domínio. Tocou no ombro do homem. Este por sua vez virou seu rosto mostrando-lhe uma face sem vida cujo sorriso de onde havia saído há alguns instantes não mostrava sinais de retorno. Agarra-o desesperadamente.

- Onde está o sorriso? Onde está o sorriso? Perguntou angustiado o perseguidor.
- Me solta vagabundo ou vou chamar a polícia! Objetou o homem.
Num movimento brusco, conseguiu desgarrar-se e jogá-lo ao chão, cuspindo, por conseguinte, em seu rosto.
- E se continuar me seguindo vai se arrepender.

Sentiu, não obstante a toda situação, uma repentina homeostase tomar conta de seu corpo – os batimentos voltavam ao normal, o suor parava de jorrar, a mente aquietava-se... Era apenas mais uma ilusão, a nulidade, o vácuo... Tudo voltou a ser como antes. O acontecimento era apenas mais uma simulação. Decepcionado, embora resignado, resolve então voltar ao banco para novamente se alienar.


FIM

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Trânsito em Manaus - A SAGA

Olá, queridos leitores do MVO!

Há algum tempo, um amigo solicitou que o Blog abordasse, como um de seus assuntos, o trânsito de Manaus. Missão difícil, mas não impossível.
Por onde começar?

Bom, fui pedestre a minha vida inteira. Acredito que o Raphael também vive situação semelhante. DE ÔNIBUS a gente entende. E nessa convivência rodoviária-pública, aprendi uma lição que explicaria muito da situação do povo de Manaus: O SER HUMANO SE ACOSTUMA COM MISÉRIA.

Desde que me conheço por gente eu ando de ônibus em Manaus. Se alguém aqui anda há mais tempo que eu, por favor, me responda: teve alguma época em que o transporte público foi bom? Eu nunca vi. E só me dei conta disso porque percebi que andamos a tanto tempo em ônibus esculhambado como se, desde o Big-Bang, sempre fosse assim. Nunca houve uma outra faceta, um lado positivo. Nunca houve em um dia sequer. Manaus cresceu em direção Norte e Leste, mas o que já havia antes não pode ser reestruturado. As ruas são inchadas, o IMTT tão pouco se interessa em proporcionar uma viagem segura, confortável. Mais engraçado é a linha de raciocínio do IMTT: “Se o ônibus tá lotado, não deveríamos colocar mais linhas, ou mais veículos?” “Nãããããão. Vamos simplesmente substituir os assentos duplos por acentos únicos, pra caber mais gente!!” Já repararam?

Tem gente que reclama de ônibus mas nunca pegou um 015 num domingo, às 5 horas da tarde. É quase como um Trem alemão indo pra um campo de concentração. Por ser assim, quando estou dentro do 015 nem reclamo do cara bebendo cachaça do meu lado, pois viajar dopado nessa condições é uma decisão admiravelmente racional.
E a demora, então? Teve uma vez que tive que ir à UFAM, e, contando o tempo da espera nas paradas (IDA E VOLTA), mais os engarrafamentos consegui, nesse processo, ouvir toda a discografia do TESTAMENT!!

Engana-se quem acredita que os motoristas profissionais (motoboys, taxistas, Motoras de Buzu) são os maiores causadores de problemas do trânsito em Manaus: segundo o professor Luis Alberto, psicólogo responsável pelos primeiros estudos sobre trânsito no Amazonas, “são os motoristas particulares que mais causam problemas no dia-a-dia”. E pasmem, são as MULHERES, as maiores responsáveis pelos engarrafamentos. Isso é porque as damas são responsáveis pelo “percurso paralelo”: um exemplo é a dona de casa que agora vai buscar os filhos nos cursos, em atividades esportivas, fazer compras, tudo com automóvel. Não quer dizer que elas não sabem dirigir. É que essa adição de percurso aumenta e muito o fluxo por rodovia.

Apesar de ter tirado recentemente minha carteira (provisória ainda), e dirigir apenas o carro da minha namorada, eu ainda me considero pedestre. Mas, quando estou como motorista, particularmente acho muito tenso dirigir no Bairro Parque 10. É um bairro perigoso. Pasmem, quase todas as casas lá possuem garagem, e quase conseqüentemente, um automóvel. Isso deveria fazer as pessoas dirigirem melhor, não é? Mas quem já andou por lá (até mesmo como pedestre) corre risco de vida o tempo todo. Pra atravessar a rua que vai do Mindú até quase o CDC, é uma loucura: tem que ser bom de corrida (pra ter pique), de xadrez (pra raciocinar) e de Le PARKOUR (pra pular o carro se necessário). Dirigindo então é pior ainda: muitos sinais são desrespeitados, o que te sujeita a tanto bater como ser batido.

Outro lugar perigoso é o Aleixo, nos trechos entre a Rede Amazônica e o Fórum: é complicado atravessar a rua ali. E de tarde, pra quem tá dirigindo, o engarrafamento torna a espera desesperante. Ali no Fórum, meio que de noite já, sempre via uma placa de “Homens Trabalhando”, mas nunca vi obra nenhuma. Acredito que deveria se referir aos “travestis” que ficam ali por trás do Fórum....

Um amigo meu perguntou quais são os pontos críticos de engarrafamentos em Manaus. Não consegui concluir nada específico, pois, com as crescentes modificações nas ruas, sejam por obras, sejam por retiradas de retornos (como fizeram no V8), os engarrafamentos ficam mais evidentes a horários específicos. E os horários de pico são: 7:30, 12:30, 15:30(centro) e 18:30 (todos os horários valem em toda Manaus). Por isso, bonitões, se vocês querem ir ao cinema e chegar antes do filme começar, nem tentem pegar Boulevard Álvaro Maia e Djalma Batista, por volta das 18:30.

Nessa parte, posso conjecturar um plano pra melhoria do Trânsito em Manaus. Vamos lá:

-o Trânsito é ruim porque tem veículos (dã!);
-Logo, pra melhorá-lo, bastaria diminuir uma frota específica (vamos tirar os carros, por exemplo);
-Tirando os carros, Aumentaria a utilização de transporte público (Aham, o mesmo buzu velho, lascado e lotado que eu e você já cansamos de andar)
-Mas Augusto, com o dinheiro arrecadado (que vai ser maior), eles podem renovar as frotas, melhorar as ruas oferecer um serviço de qualidade, e o Trânsito vai finalmente ser um lugar feliz!
-Ah, claro, eles vão mesmo mudar toda a cidade, alargar as ruas (o que significa desapropriação de casas), pra agradar toda UMA POPULAÇÃO JÁ ACOSTUMADA COM ESSA SITUAÇÃO, E QUE AINDA CONTINUA VOTANDO NOS CULPADOS E CRIADORES DESSE STATUS.
Parece sacanagem, mas esse é o Raciocínio do nosso Prefeito (aquele que não pode ser pronunciado) e do seu parceiro, Rafael Siqueira, o “homi” do IMTT.

....
Bom, Planejamos escrever mais coisas específicas sobre trânsito em Manaus. Mandem suas sugestões, dicas e informações, que a gente passa por aqui (mas sempre com a nossa postura de humor e sarcasmo ácido).

Abraços aos Pedestres, motoristas e pessoas de opinião próprias dessa cidade! Cuidado com o asfalto!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quando caem os maus, os mitos se levantam!

Ao longo da história podemos identificar facilmente figuras que se tornam referências. Boas ou ruins, é comum esquecermos de seus feitos após morrerem e lembrarmos apenas de seus nomes, ou quando muito, sua índole.
Alexandre é famoso por conquistar meio mundo, e muitos o idolatram por sua coragem e capacidade de liderança. Quantos questionam seu comportamento ou a satisfação das pessoas sob a tutela do Imperador? Mas Alexandre morreu e virou "o Grande". Grande o quê? Até hoje não sei, devem ter deixado assim pra evitar confusão.
Ontem foi confirmada, finalmente, a morte de Wallace Souza, ex deputado, que foi cassado após se ver envolvido em inúmeros escândalos dos mais cabeludos. E antes que me xinguem, o "finalmente" refere-se ao fato de que sua morte já havia sido anunciada outras 3 ou 4 vezes ao longo do ano, sendo sempre desmentida depois. Nada a ver com torcida... viu gente?!
Ter mais vidas que um gato também faz parte da construção de um mito. Ao ir e vir várias vezes falar com Deus (Deus?), você mostra a todos que é mais forte que qualquer adversidade, maior que os meros mortais, e até mesmo superior a qualquer ato de crueldade e sanguinolência de que possa estar sendo acusado, afinal, com você nem a velhinha de foice e capuz pode! É nessa que o Alexandre deixa de ser um bárbaro e vira mito.
O Caçula Coragem tem tudo pra ser mais um. Da ascensão à queda, sempre esteve firme e, quando a coisa apertou, teve a (in)felicidade de adoecer, uma piora grave numa doença que niguém sequer sabia existir e que tomou conta dos assuntos a seu respeito, exigindo seguidas transferências de hospitais, causando burburinhos e teorias conspiratórias, estas duas, grandes contribuições para o fortalecimento de um mito. Nunca desfazer o mistério em torno da figura mitológica mantém aquela "magia" no ar e garante defensores de seu legado.
Wallace deixou o seu. Graças a si temos um sem número de programas toscos na televisão com justiceiros e benfeitores públicos falando mal, pensando mal e agindo pior ainda, espalhando seu analfabetismo funcional por todas as esferas dos poderes públicos, constituídos, mas não exercidos, tal qual seus mandatos. Com sua morte na tarde de ontem, ganhamos o resto da semana pra ouvir os defensores do novo mito baré falarem aos quatro ventos que ele foi condenado sem julgamento, coisa inédita pra mim, acostumado a enterros de quem nao tem porque ser julgado.
Caros senhores. Morte é algo natural e não sentença judicial. Wallace não foi julgado porque tinha MUITO a se investigar, POUCOS dispostos a fazê-lo e MENOS AINDA para ajudá-los, talvez temerosos com as coincidências envolvendo os que tentaram. Wallace veio a óbito não porque meio mundo acredita na sua culpa perante as acusações, mas por estar fisicamente debilitado. É nesse meio que nasce Wallace, o Grande. Grande o quê? Deixa só "Grande", pra evitar confusão.

À toda a família Souza, minhas condolências. Perder um ente é SEMPRE muito difícil em quaisquer circunstâncias. Que nesse momento, todos que eram próximos ao ex deputado tenham a capacidade de refletir sobre a imagem que deixa Wallace Souza na sociedade amazonense, e se é desejo de vocês, ao morrerem, receberem o mesmo rótulo. Ou melhor, cogitem a hipóteses de pegar vossos banquinhos e saírem de mansinho, o que, se não gera saudades, também evita más lembranças. Porque a memória é curta, mas o mito é eterno.

Raphael Sampaio


PS.: Pesquisa rápida pra contextualização http://www.dicionarioweb.com.br/mito.html

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pra ganhar meu voto, retorno e outras besteiras misturadas

Voltei! Depois de longas e não merecidas férias. Se dá pra chamar de férias um imenso corre-corre pra garantir uma vaga num processo seletivo. Bem, pra quem interessar, consegui transformar minhas seguidas folhinhas de contratos temporários num carimbo de uma empresa ótima.

Isso me trouxe de volta ao convívio com a internet, que nesse período virou apenas uma sequência de pequenas consultas sem interação nenhuma com meus contatos virtuais. 

Justo hoje, ao reassumir poderes sobre meu twitter, fui presenteado com um utilíssimo manual postado pelo amigo @cesaredgar, sobre o que um político deve fazer para receber seus votos nas próximas eleições. A seguir as "6 condições para um candidato ganhar o meu voto":

1- Utilizar o transporte coletivo pra ir "trabalhar".
2 - Morar na Zona Leste ou Cidade Nova e não ter poço em casa.
3 - Utilizar o SUS em qualquer circunstância.
4 - Colocar os filhos em escolas públicas (não vale pôr em cursinho).
5 - Se comprometer em cumprir as quatro condições anteriores.
6 - Ter cumprido tudo que se comprometeu em fazer em gestões passadas. (essa é eliminatória)


Sempre fui a favor que os servidores públicos sejam, obrigatoriamente, usuários dos serviços públicos. Não sei se uma lei dessas seria constitucional, mas deve haver alguma forma de, legalmente, aproximar os políticos do povo a quem deveriam servir. Imagina se o prefeito fosse trabalhar de 015 (ou 016, 017, sei lá. Ainda não decorei os números novos). Visualizem a cena. O Negão com seu chapéu de pescador fazendo parada numa das cabines da Cemusa às 7:00h, mostrando a xerox do RG ao motorista, que lha dá o característico "Bom dia" destinado a todos os passageiros que sobem no coletivo. Em seguida ele senta e conversa com o povo da cidade que ele administra. Simples assim. Ouve opiniões, debate os pontos de discordância, expões seus pontos de vista e chega ao trabalho, descendo na porta da prefeitura.

Imaginem nossos deputados federais e senadores, obrigados a tratar-se em Clínicas Federais de Saúde (isso existe?) e Hospitais Universitários com F's nas siglas de seus nomes. Imaginem quanto seria investido nas instituições de ensino, se todo filho e dependente de cidadãos com cargo eletivo fosse obrigado a ser matriculado em instituições públicas até a maioridade.

Atitudes como essa devem ser pensadas e discutidas, não porque é "uma forma de punir os políticos", mas devem ser pensadas como uma forma de garantir que o cara vai saber o que realmente precisa ser feito. Uma pessoa que pega o filho no mesmo colégio que você vai saber o que é deficiente naquela escola, a qualidade do ensino, vai ter o que conversar com educadores e apresentar projetos que, mesmo que apenas por uma auto necessidade, melhorem os serviços aos cidadãos. Mais que isso, as pessoas talvez se lembrem que o político é uma parte sua lá, e não uma categoria elevada de ser humano. Melhor ainda, talvez os próprios políticos lembrem disso. Imagina se você encontra todo dia com o vereador em quem votou e tem a oportunidade de perguntar a ele como vai o trabalho?

É claro que tudo isso não passa de uma realidade distante. Acreditar que do dia pra noite a democracia vai deixar de ser confundida com a anarquia (mal) maquiada que vivemos hoje é ser ingênuo. Talvez fé e esperança sejam reflexos da ingenuidade que escolhi pra mim. Mas se as diretrizes criadas pelo Edgar fossem lei, o Brasil seria referência mundial em coisa bem mais interessante do que as que ainda marcam o país como subdesenvolvido.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Não comemore o Dia do Rock




Hoje, dia 13 de Julho, é o Dia mundial do Rock. Não sei se pra você é assim, mas pra mim, é como cantar “Parabéns” pra um Michael Jackson de 60 anos (já que o Rock nasceu preto e hoje é branco e meio gay).
Só na minha vida de rockeiro já vi anunciarem a morte do rock umas 10 vezes. Porém, com toda essa coisa de fim de mundo que falam por aí (e com tanta banda EMO em Manaus e no mundo) acho que agora o Rock virou Zumbi-gay.
Eu sei que não há problema nenhum em afirmar que o rock que essa molecada escuta hoje em dia é uma BELA MERDA. Quando eu era moleque, em meados dos anos 80 e 90, os mais velhos também criticavam e xingavam minhas bandas favoritas. Cresci achando que rebeldia era raspar a cabeça, odiar o mundo e ouvir musica barulhenta, estúpida e ruim. Depois cresci e aprendi que melhor do que ser rebelde é amadurecer. É claro que, até chegar nesse nível, tive que beber muito (e passei a beber melhor!) E ainda continuei ouvindo música barulhenta, estúpida e ruim – só que com um corte de cabelo melhor.
Todas as críticas que recebi (falando mal das minhas bandas favoritas) foram educativas. Ser revoltado na adolescência faz parte do nosso processo evolutivo. Toda essa lenga-lenga (achar que o mundo é uma merda, que ninguém te entende) um dia passa. Depois que a gente cresce, a gente tem certeza (de que o mundo é uma merda), mas aí já tem salário e férias pagas – que a gente usa pra viajar e se sentir adolescente por 30 dias de novo. Funciona na maioria das vezes.
Claro, alguns serão adolescentes pra sempre, revoltados com tudo, tipo o Hugo Chaves, ou o norte-coreano Kim Jong-il, ou o Mahmoud Ahmadinejad. Perde a graça totalmente. Pra mim, Rebeldia tem prazo de validade. E por isso, ajude os EMO’s a crescerem saudáveis. CRITIQUE-OS. Ridicularize as bandas deles, se der, Espanque um deles.
Acredite: no futuro eles irão te agradecer.

*Não, o rock não morreu. Mas mandou avisar que de amanhã não passa.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Novo Cronista no MVO!

Olá, observadores deste Velho Oeste!

A seguir vocês lerão um trabalho do cronista Paulo Victor Telles. Dependendo da avaliação de vocês, ele poderá ser integrado à nossa equipe. Comentem ae!
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Insônia e Neurose, por Paulo Victor Telles



E a insônia bate violentamente…

Novamente…

Você tenta desesperado fechar seus olhos e dormir, entretanto os pensamentos não param de vir aos montes; Pensamentos cujo conteúdo lhe aflige de forma dolorosa e lhe coloca numa melancolia um tanto quando sádica... Maltratando...

E gozando.

E você tenta todas as posições possíveis, embora nenhuma lhe agrade. A cama se transforma num instrumento de tortura. Pega o primeiro livro que encontra em sua cabeceira e olha o título, Crime e Castigo do Dostoiévski, e pensa que se começar a ler justamente esse livro, agora, no desespero de sua insônia, vai enlouquecer e ter idéias tão malucas como Raskólnikov – melhor, SER DOMINADO por essas idéias. Desiste então. Músicas no pensamento... Mahler, Chopin, Jonnhy Cash...

Desiste de novo...

Vai até a cozinha preparar uma xícara de café; Nesse ponto, desiste totalmente de dormir e resolve se entregar ao turbilhão, às idéias que não cessam... À mão trêmula lhe pedindo desesperadamente um minuto que seja de total não existir... Impossível... Já é inimigo de seu corpo. O coração acelerado grita para que você reduza a velocidade; afinal viver assim é arriscado demais.

Mas você diz a ele que essa é única maneira, o único consolo... Viver de forma acelerada. Liga a cafeteira e espera. Percebe que o rosto começa a se contrair de forma involuntária... Seu inimigo... Foda-se o corpo... Fodam-se as idéias. Pega a xícara de café e dá o primeiro gole. Forte. Vai ao sofá. Senta-se. Olha à janela e observa a aurora. Já é tarde demais (ou cedo demais) para dormir. É hora de voltar à vida. Ou ela voltar a você. Merda.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Amanhecer e Três Horas Da Tarde (com o sol lascado)!

Nessa semana me compararam com o Jacob Black, da "Saga (mela-cueca) Crepúsculo".
Confesso que assisti, por pura insistência, o primeiro filme na casa de uma amiga que é muito fã da Série. Veio o segundo filme, e eu me lixei. Acho essa modinha ridícula. Mas depois da Comparação, queria saber qual é a desse Jacob, tentar compreendê-lo, antes de ficar ofendido...

Ontem peguei o filme e fui assistir. E descobri porque tal obra faz tanto sucesso: a tal de Bella não passa de uma garota retardada, que representa em escala mundial todas as garotas EMO's, Gordas retraídas, Burras, Apaixonadas iludidas (de revistinhas "Carícia"). É incrível como o público alvo (as garotas que citei acima) realmente acreditaram que uma garota como Bella poderia despertar tanta paixão em caras como o Edward "Morde a Fronha" Cullen e o tal do Jacob. Sério. Assisti ao "Lua Nova" e a cada declaração paspalha que o Edward citava (do tipo: "Me separar de você foi a coisa mais difícil que tive que fazer em 100 anos") meu estômago revirava completamente. Estava assistindo na minha casa, mas a cada declaração romanticamente idiota do cara, eu parecia ser capaz de escutar CENTENAS DE SUSPIROS, como se estivesse numa sala de cinema cheia de garotas EMO's, Gordas retraídas, Burras e Apaixonadas iludidas. E cá entre nós: Acredito que mulher goste de homem de verdade. Não daquele espantalho.

O tal do Jacob entra como uma alternativa ao espantalho: o cara ergue uma moto só com os braços! Nativo-americano, ele brinca com a fantasia das mulheres de ser possuída numa relação inter-racial! E o cara, pelo fato de está virando Lobo, todo dia sai de casa sem camisa, e tá pouco se lixando. Numa primeira impressão, os homens de verdade que estão assistindo o filme ficam aliviados: "ATÉ QUE ENFIM UM MACHO DE VERDADE PRA ARREGAÇAR ESSA BELLA!" Eu até pensei que seria o momento dourado que justificaria a comparação feita entre a minha pessoa e ao dito Lobo. Estava enganado. O Cara é um Hooligan, o jogador de futebol de High-School feito de testosterona. Achei legal quando ele foi pro cinema e botou o moleque orelha lá pra correr. Porém, em todos os momentos em que o Jacob tá sozinho com a Retardada da Bella (imagino que caras como o Jacob pegariam mulheres mais gostosas!) ele decepciona! A doida lá, pedindo pra levar uma corçada considerada (do tipo que pega ela pela cintura e tira o ar da garota de uma vez), e ele arrega, pra ouvir aquele papo de “você é o melhor amigo”. Ah, vai tomar no ”Edward”, Bella! Jacob, seu Marcão! Você decepcionou o público masculino!

Caramba! Estou parecendo essas retardadinhas envolvidas na trama! FUUUUUUUUUUUUU!

No fim, depois de muita reclamação, cheguei a algumas conclusões. Desculpem-me os fãs, mas o filme é muito ruim. Sou fã de cinema e consigo ser, na maioria das vezes, imparcial. Mas a tonelada de açúcar estragou completamente algo com potencial. Concluí também que o Edward é uma representação do amor frio que só existe de forma idealizada, e que o tal do Jacob é a paixão quente, verdadeira (e burra).

E, finalmente, concluí também que nunca mais darei ouvidos a qualquer coisa que me envolva com essa grande bosta.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Marcador: Protestos e Tocações de Terror

Não, eu não errei o lugar dos marcadores. É o título mesmo.
São 14:22, e, das 8:00 até agora, já li que:

1. Ligaram pra polícia alertando sobre suposta bomba no TRT.
     1a.Por causa do alerta, avenida é interditada e trânsito PARA
     1b. Pra ficar ainda melhor, TODOS os sinais de TODOS os cruzamentos, estão desligados. Será que foi pra bomba não explodir? 
     1c. Descobriram que foi trote. Não havia bomba nenhuma.
     1d. A anta ligou de celular. HAHAHA

2. Assaltante faz 3 reféns no afável bairro Monte das Oliveiras. 2 adolescentes e 1 criança.
     2a. Com o TRT sob perigo de bomba temi pela vida dos reféns.
     2b. Soube do trote, fiquei mais tranquilo.
     2c. Leio no Twitter que a PM negocia a rendição. Respirei fundo mas permaneci otimista.
     2d. Assaltante se rende e tudo acaba bem.

Enquanto isso, com o transito da Djalma Batista parado, todo mundo lembrou que a Darcy era pertinho e foi pra lá. E temos o número...

3.Acidente na Darcy, próximo à passagem de nível. Um pouco antes, no DB da ponta negra, o retorno foi fechado. Ou seja, quem mora no D. Pedro ta ferrado.

4. Juíza baixa a passagem pra 2,10.

E daí ja adianto os próximos capitulos sob pena de errar e quebrar a cara, agora em público.
    4a. Nos próximos 15 a 30 dias teremos greve.
    4b. O prefeito estará viajando ou mandando o Sinetram resolver seus "problemas internos"
    4c. Algum juiz vai derrubar a liminar em um plantão no meio da madrugada (talvez a mesma da viagem do prefeito), e 
    4d. O Josildo (ele mesmo!) vai aparecer tocando o terror no início e dando parabéns ao Negão no fim de tudo, em nome "dos rodoviáriu".

Aí pensei. Bem que o Augusto (dono do Blog) podia mudar os marcadores. Deixa "Protestos" sozinho mesmo, que as "Tocações de Terror" ficam no "Cotidiano em Manaus"

Raphael Sampaio

Fotos, Fotos, Fotos...





segunda-feira, 21 de junho de 2010

EU ODEIO COPA DO MUNDO

“O Brasil é o único país do mundo cuja seleção de Futebol consegue transformar uma Terça-Feira num Domingo”

Foi minha conclusão após o primeiro jogo da seleção. Eu tava distante da minha mulher (ela estava com familiares), e alguns amigos convidaram-me para assistir ao jogo na casa de um deles (sempre torço contra o Brasil e sou muito “pé frio”). Como as outras opções de atividades restantes seriam referentes ao uso de um computador, preferir embarcar nessa misteriosa viagem.
Por que as pessoas se envolvem tanto com Copa do Mundo?
Um argumento típico dos pais mais ranzinzas responderia dizendo que “esse povo brasileiro não vai ganhar nada se o Brasil ganhar, vão todos continuar a passar fome”. Pior é que é verdade: ganhando ou perdendo, nada seria alterado em escala primária na vida do Brasileiro. Ele teria mais assunto (nossa, como esse assunto é engrandecedor, hein?), mas os impostos continuariam altos (governo LULA e resquícios do governo FHC), a segurança continuaria tão ridícula como atualmente, a saúde pública continuaria infartando como sempre, e tudo que não presta no Brasil continuaria não prestando. Típico de Brasileiro: morrendo de fome, inseguro, sem emprego, mas batendo forte a mão na camiseta amarela falsificada, gritando “eu sou Hexa”.
Lá pelas tantas, o Brasil faz um gol.
E toma-lhe: o povo soltou fogos no céu. Fumaça, rojão, estalo, “catolé”... Quem tem ou já teve cachorro grande em casa sabe que é uma merda quando o bicho fica apavorado. E eu lá, vendo o que parecia um ensaio de contra-ataque contra ISRAEL. Um “Catolé” espocou pertinho de mim, fazendo meu ouvido direito (o mais sensível) reclamar como uma garota de calcinha rasgada. O responsável pelo estouro me olhou com uma cara de linda inocência concedida, gritando: “Pega, foi gol!”. Me deliciei imaginando ele gritando “GOOOOL”, ao mesmo tempo em que um “catolé” mandasse a bunda dele pelos ares.
Rua enfeitada: isso é pra acabar.
Acabou o estoque de tinta amarela e verde das lojas. Levou 7 meses para a prefeitura asfaltar adequadamente a rua perto da Av Buriti, no Distrito, mas ninguém reclamava. Para pintar a rua, foi necessário 48 horas, e TODOS ESTAVAM SUPERVISIONANDO. Dá orgulho ser cidadão nessa cidade, né?
Na minha outra casa, onde moram minha mãe e meus irmãos, o vizinho (com quem eu nunca troquei nem 4 palavras), chegou todo sorridente:
-“Ae, cumpade, tem como contribuir pra enfeitar a rua”?
Me diverti bastante imaginando todas as possibilidades de respostas que eu poderia proferir naquele momento. Afinal a deixa foi ótima. Escolhi uma resposta levezinha, pois o humor do meu vizinho poderia não ser tão refinado quanto o meu (moldado à horas e horas de exposição ao Chandler do seriado “Friends”) e inevitavelmente eu teria que cruzar com ele em outra possível situação. Respondi:
“Claro, vizinho! Mas vocês poderiam pintar a Bandeira da Korea do Norte no sentido perpendicular da Rua? É pra combinar com as bandeirolas azul, vermelho e Branco que eu vou ajudar a vcs comprar pra colocar aqui na frente de casa!”
Juro que existe a possibilidade desse cara não ter entendido até hoje a piada. Um amigo meu ouviu o meu relato, fez o mesmo, e até agora, a rua dele tá enfeitada de badeirinhas amarelo e verde, faltando justamente o pedaço da frente da casa dele...
Voltando ao meu vizinho... Ele ficou com uma cara de bunda gigantesca olhando pra mim. Eu segurava o sorriso, esperando ele falar algo que me permitisse rebater e assim iniciar uma saudável discursão (admito, adoro discutir). Então ele disse algo inesquecível (e típico de um cara que tava de boné, rosa, bermuda de tactel amarela e abadá do “Cala a Boca e Beija Logo” estendida no ombro):
-“POU, AE VOCÊ QUER QUEBRÁ A FIRMA, MANO”
Me espoquei de rir. Que se fodesse o respeito alheio. Pra amenizar, perguntei:
-qual o valor mínimo de contribuição?
Juro que perguntei bem intencionado. Se ele respondesse que eu podia dar o quanto eu pudesse, eu ajudaria de boa. Mas ele me deu a pior resposta que alguém poderia dar naquela situação:
-POU, QUALQUER “DÉ REAU” AE TÁ VALENU.”
Fato: não daria Dez Reais nem pra minha mãe tomar conta do meu carro. Não é implicância minha com os galerosos. Afinal, só por ter sido criado a vida inteira na COMPENSA, considerada o Brooklin de Manaus, já sou considerado galeroso. Mas o que me irrita é essa relação quase mitológica que a maioria deles tem com o valor monetário “DÉ REAU”. Pode observar: tá precisando de ajuda: me dá “DÉ REAU”! Quanto é pra entrar nesse forró? “DÉ REAU”! E essa camiseta, cara, quanto custa? “DÉ REAU”. Dez Reais são úteis pra definir muita coisa, inclusive uma ideologia, um estado de ser!
Transito então nem se fala. No Jogo contra a Costa do Marfim, eu e minha mulher decidimos fazer compras. Precisávamos de um micro-ondas, e o local mais próximo no itinerário seria o bem-posicionadíssimo Studio 5 (estávamos na minha outra casa, que fica no Distrito, e eu pensei: Por que não? “Fumo pra lá”.
Já na rua, dava pra perceber o trânsito “diabólico”: sou amazonense, manauara, e com propriedade concedida pela descendência digo que somos um povo muito mal-educado com o que diz respeito a obedecer às leis básicas de trânsito. Não havia engarrafamento: havia o perigo de você ser alvejado por fogos de artifício, isso se você não atropelasse algum dos infinitos bêbados.
Chegando no Studio 5, surpresa: “esse estabelecimento só abrirá depois das 16:30!” eu sou obrigado a ter que esperar a Copa do Mundo pro mundo voltar ao horário comercial! Nunca praguejei tanto uma derrota do Brasil como nessa vez!
Passei pelo Manauara, mas antes que parasse, vi os cones posicionados impedindo a entrada. E andando próximo ao Boulevard, tive que frear o carro (isso quando o sinal tá aberto pra mim) porque tinha de deixar passar três carros cruzar a rua (isso quando o sinal tá vermelho pra eles)! INACREDITÁVEL!
E aonde eu parei nessa história? Na casa do meu amigo, vendo o jogo. Maldita maldição!