quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ALEAM cassa mandato de Wallace Souza

publicado pelo glorioso André Viana
Da Redação de A Crítica

Por 16 votos a favor, quatro contra e três abstenções, a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM) acaba de cassar o mandato do deputado Francisco Wallace Cavalcante de Souza (PP), por quebra de decoro parlamentar, seguindo a recomendação do relatório da Comissão de ética da Casa. Antes de começar a sessão plenária, às 12h20, o deputado Wallace Souza, vestido de branco, fez questão de cumprimentar seus colegas de parlamento.

Com a decisão soberana do plenário, o parlamentar que é acusado pelo Ministério Público Estadual (MPE) de chefiar um grupo criminoso em Manaus deixa de ter foro privilegiado e fica inelegível por oito anos.

Além de se tornar um cidadão comum, Wallace Souza entrou para a história como segundo deputado cassado da ALEAM desde que o Brasil se livrou do regime militar em meados da década de oitenta. Juntando-se assim a Antônio Cordeiro, que perdeu o mandato na Casa depois de ter sido acusado pela Polícia Federal (PF) de comandar uma organização que teria fraudado licitações públicas, num montante de R$ 500 milhões, em novembro de 2004.

Apesar de ter se unido a Cordeiro na história política da ALEAM, a situação de Wallace com a justiça é bem mais complicada. É nítido que, ao contrário do que aconteceu com Cordeiro, que nunca sofreu condenação na Justiça pela acusação que sofreu, a pressão da sociedade por uma punição aos supostos crimes cometidos por Wallace é intensa e ganhou repercussão nacional.

A sensação de todos que acompanham a “via cruz” de Wallace é que ela começou, de fato, neste dia 1º de outubro de 2009.

Mudança
A sessão histórica da ALEAM contou com a presença de todos os deputados. O presidente da Casa Belarmino Lins (PMDB) decidiu pela não leitura em plenário do relatório final elaborado pela Comissão de Ética, conforme estava previsto. Mas atendeu a solicitação do deputado Arthur Bisneto (PSDB) de que, ao menos a leitura da conclusão da peça produzida pela Comissão fosse feita.

Defesa
Em seguida, o advogado de defesa de Wallace, o ex-deputado estadual Francisco Balieiro, ocupou a tribuna para um longo discurso de 45 minutos, onde tentou desqualificar as acusações feitas pela Força Tarefa ao seu cliente.
Evocando a sabedoria de cada um dos membros do parlamento, Balieiro elogiou o conteúdo final do relatório da Comissão de Ética, e frisou que a peça apontava para o mesmo caminho encontrado por ele após a leitura processual: o da certeza da inocência de Wallace.

Para Francisco Balieiro, “o destino de Wallace Souza não poderia ser definido sobre a acusação da Força Tarefa que se baseou no depoimento de ‘um certo Moa’ (o ex-policial Moacir Jorge Pessoa da Costa, autor das denúncias contra o parlamentar) concedido ao juiz Mauro Antony (titular da 2ª Vara Especial em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecente)”. “Moa” foi preso em outubro de 2008.

Balieiro também foi incisivo ao desafiar o MPE a apresentar “uma prova material contra Wallace”. Segundo o advogado, “o pedido de cassação foi feito para satisfazer uma classe sanguinolenta que não gosta da classe política”.

Último pronunciamento
Wallace Souza usou a tribuna da ALEAM para fazer sua última tentativa de defesa, citando Deus e relembrando sua trajetória nos onze anos em que esteve na Casa. Falou sobre seus problemas de saúde e seu esforço em representar a população que o elegeu. O parlamentar pediu perdão aos seus colegas e a seus eleitores pelo momento difícil que estavam passando, segundo suas palavras, “julgando um colega que nunca os fez mal”. “Eu nunca tive arsenal de armas na minha casa. Forjaram provas, falsificando fotos. Mas tenho certeza que Deus (mostrou a Bíblia) fará meu julgamento de forma justa. Somente Deus tem me dado força e resistência necessária para que eu suporte tudo isso”, disse.

O agora ex-deputado encerrou seu discurso emocionado, voltando a pedir desculpa a seus familiares, seus colegas, seus filhos e seus irmãos, e, após citar um versículo da Bíblia, pediu justiça e sabedoria aos seus colegas. Neste momento, o silêncio do plenário foi quebrado por reações da galeria, com aplausos e vaias.

Era tarde, a esta altura, o destino do mandato parlamentar de Wallace Souza já estava selado.

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