terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aqui não chove água, mas garrafas dela.

Haja calor! Manaus entrou de vez no verão equatorial. Sol desde muito cedo, em abundância, "no coco do trabalhador caboclo" como diria Cabocrioulo. Na Constantino Nery tinha um relógio marcando 39 graus na tarde de hoje, o que me levou ao inusitado pensamento de que eu sequer me lembrava da última vez que vi temperaturas inferiores a 41 graus nesses termômetros.
Quem nao reclama do capeta ter nos escolhido como sua filial do Inferno S/A são os vendedores ambulantes. Nunca antes na história dessa cidade se vendeu tanta bebida nas ruas. Em cada esquina, sinal, cruzamento, ponto de ônibus. Engarrafamento então, já virou "shopping móvel". Ou imóvel mesmo, se for perto das 18hrs.
Caminhando pela Bola da Suframa pude perceber o aumento do consumo de água mineral pela quantidade absurda de garrafas atiradas no mato/barro que deveria se chamar calçada. Bem simples: o sujeito toma a água e joga a garrafinha pro lado, sem cerimônia. Dá até música, algo tipo "toma água, joga a garrafa", repetido várias vezes. Quem viu Alice Vergueiro no Youtube sabe como é a música.
Até pensei em xingar todo mundo por não ter o mínimo de educação. Não custa nada andar segurando o que tiver que jogar fora até passar a primeira lixeira. Toma água, bombom, picolé e tome lixo no chão, pela janela do carro, do ônibus... algo injustificável. Aliás, pode-se justificar. Quando fui rasgar "elogios" aos meu conterrâneos por não zelarem pelo seu lar, percebi que não havia uma lixeira sequer da prefeitura do governo ou da Suframa, e olha que era uma área bem aberta e muito grande. Só, talvez, no posto BR, o que exigia muitíssima boa vontade da pessoa em atravessar a rotatória inteira para manter a cidade limpa. E de boa vontade,assim como o calor, a filial do Inferno também tá cheia.
Mesmo assim, o importante é que agora já temos o motivo de porque sermos tão mau educados com o nosso lixo. É culpa do poder público, afinal, se os lixeiros estivessem colocados, tudo seria diferente né? NÃO!!! Ia ser igual, mas quando alguém chamasse a atenção do imundo que jogou a garrafa, ele veria um cesto próximo e não teria a comodidade da desculpa pronta, do "lavar as mãos. Ainda estaríamos longe da civilidade, mas até no lixo os culpados tem a quem culpar. Ou a quem imitar.
Enquanto tudo isso acontece, e o verão continua torrando nossa cabeças - já que chuva é coisa rara nestes tempos - tratamos de nos prover de líquidos sozinhos a cada dia, fazendo chover não água, mas garrafas delas no solo cada vez mais concreto de nossa cidade.

Raphael Sampaio

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